GAME OVER

A toxicidade deste Blog atingiu limites alarmantes para a saúde mental de quem aqui escreve. Este Blog não voltará a ser actualizado no futuro próximo.
Por razões de segurança peço desculpa pelo incómodo, lamento pelo ocorrido e não prometo voltar o mais rápido possivel.


Black Eyed Peas - Meet me halfway

Quero ser melhor no futuro mas descubro que algo em mim está danificado. Existem dias em que sei que me esforço pouco e outros em que me esforço para além dos limites razoáveis! A responsabilidade é minha e não vale a pena ser vitima e culpar o universo quando a culpa é apenas minha.

Sou feliz, mas podia ser muito mais feliz, se fosse uma melhor pessoa, e soubesse como evitar cometer todos os erros que cometo. Por vezes sou: despropositado, mal educado, evasivo, violento, insensível e caprichoso.

Cabe-me a mim não permitir que esses erros aconteçam. Devo estar atento ao que sinto, mas também ao que me rodeia. Existe sempre outra hipótese, existe sempre um tempo durante o qual posso seguir por outro caminho! Erros parciais deixam sempre alguma coisa intocada e facetas por testar, mas é tanto aquilo que perco ao seguir pelo caminho errado... são milhentas as esferas da vida que ficam feridas com as más decisões!

Cometi um erro total, em toda a linha, sem que reste a hipótese do mínimo recuo, onde a mínima defesa é absolutamente impossível. Um erro tão grande que se tornou numa oportunidade de descobrir o ridículo em que consegui mergulhar!

“O futuro é construído pelas decisões diárias, inconstantes e mutáveis, e cada evento influencia todos os outros”.

“Mea culpa” … AQUI! (Colocaria aqui o link para o meu erro, mas isso seria por si só um … erro que envolve outra pessoa e que vou ter de evitar).

Obtive alta médica e fui removido das listas de espera para cirurgias do Sistema Nacional de Saúde!

Sinto-me orgulhoso da recuperação satisfatória, após um cenário demasiado incerto e que envolveria a programação de nova(s) cirurgia(s) evasivas e com inclusão de enxertos ósseos, placas metálicas, parafusos, etc …

Aguardam-me ainda, 3 a 4 meses de fisioterapia de forma a puder recuperar o máximo de mobilidade possível no cotovelo, mas a nuvem negra das cirurgias está afastada!

Ao fim de 3 meses longe do hospital, voltei á consulta de ortopedia e voltei a visitar o hospital onde sempre me senti estranhamente confortável. Emocionei-me ao entrar pelos portões daquele local onde vivi e presenciei tantas histórias. Um local onde as pessoas saudáveis nem querem sonhar que existe! Um local onde os médicos, enfermeiras e auxiliares de enfermagem convivem diariamente com situações de vida e de morte. Um local com uma extrema humanidade e com profissionais de saúde fantásticos. Desde os porteiros, aos seguranças, à senhora do quiosque das revistas, ao funcionário administrativo, às anestesistas, aos técnicos do raio-X, aos auxiliares de enfermagem, às senhoras da limpeza, às enfermeiras e aos médicos … sempre fui tratado com uma dignidade e amabilidade exemplares.

Passaram sete penosos meses desde o meu internamento e todos ainda se lembravam de mim. Poderia contra histórias intermináveis acerca das conversas que mantinha com os seguranças, no que toca às qualidades físicas das jovens enfermeiras. Poderia contar histórias horripilantes sobre os meus diversos companheiros de quarto. Poderia contar as lições de vida que aprendi com o meu amigo Zé Maria (88 anos) e que conseguiu salvar-se duma amputação (quase certa) da perna. Poderia voltar a falar das enfermeiras que me torturavam (com carinho) durante a mudança de pensos e com quem eu me divertia “horrores” nessa mesma sala. Poderia falar acerca da amizade do empregado administrativo e ex-parquedista (Sr. Jorge) com quem desabafava e partilhava as revistas e jornais comprados no quiosque do hospital. Poderia falar dos códigos que desenvolvi com as enfermeiras sempre que queria escapulir-me durante algumas horas e contra as regras instituídas do hospital (quando lhes dizia que ia só ali à praia ver como estavam as ondas) para ir arejar as ideias para (ao pé do pato castiço e das pombas) no jardim do hospital. Poderia contar as conversas irreais (cómico-trágicas) que mantinha com o meu querido e excepcional médico, de quem vou sentir saudades. Poderia falar da restante equipa de médicos que me acompanhou e operou e que sempre tiveram muita paciência para me aturar e tratar. Poderia falar da auxiliar de enfermagem que me atormentava durante as noites com guerras de água. Quando adormecia … “trungas” levava com um copo de água na tromba, sendo que a vingança era sempre refinada e repleta de malvadez natural. Poderia falar das senhoras que distribuíam a comida e me davam suplementos alimentares, cortavam os alimentos, sempre com uma palavra amiga e um sorriso estampado no rosto. Poderia falar das voluntárias da Cruz Vermelha Portuguesa, que disponibilazavam o seu tempo para ajudar os doentes nas tarefas básicas diárias.

Poderia falar e acabei por falar … de tantas coisas importantes e que estão gravadas na minha memória. Não vou falar muito mais; Apenas registar e agradecer a todas estas pessoas que fizeram e fazem a diferença na vida de tantos doentes, que passam pelo serviço de ortopedia do Hospital Curry Cabral de Lisboa.

Obrigado a todos!

P.S.: Nunca disse a ninguém (do hospital) que mantinha este Blog, nem sequer fiz qualquer referência (até hoje), acerca do nome do hospital onde fui tratado. Nunca referi nomes de nenhum dos agentes de saúde que lidaram comigo durante estes meses, mas o que é certo, é que um dos médicos descobriu o meu Blog e foi passando a palavra ...

Soube ontem, através duma enfermeira muito simpática, por quem desenvolvi um carinho especial não assumido devido à minha condição de doente (e que porventura vai ler isto), que os médicos, enfermeiros e demais membros da equipa do hospital, foram acompanhando as tremendas baboseiras escritas acerca do meu estado de saúde.

Se tivesse um buraco tinha-me enfiado nele com vergonha, mas depois reflecti e pensei … aquilo que escrevi foi sincero e não existem motivos para sentir vergonha!

Ando a debater-me com uma série de questões que podem mudar o rumo da minha vida duma forma relevante. Não encontro saídas airosas para decisões complicadas!

Entretanto, tenho um mês inteirinho de férias (quase que forçadas) em Dezembro que terei de aproveitar, da melhor forma que puder encontrar.

Das duas três ... esqueço a fisioterapia (que necessito) e cometo a insensatez (que me apetece de sobremaneira) de comprar um bilhete para Austrália/Nova Zelândia ou América do Sul e fujo para lá. Em alternativa, posso tentar fazer pequenas viagens pela Europa, de forma a conseguir conciliar as viagens com os tratamentos necessários.

Pensei também, em oferecer o meu tempo para algo de útil, visto que não tenho a mínima ideia de como utilizá-lo???? Lembrei-me de ir (um mês) para o país onde nasci (que conheço muito mal) e que será porventura o país mais pobre do mundo. Descobri e contactei com três instituições com projectos de voluntariado em Moçambique (duas nacionais e uma estrangeira), expliquei-lhes a minha situação, disponibilizei-me para suportar todos os custos da minha viagem e estadia. Ofereci-me para fazer o que quer que fosse, em qualquer parte do país e em qualquer tipo de condições (mesmo que precárias), desde que pudesse contribuir com a minha força de trabalho para ajudar.

Fiquei a saber um pouco mais acerca dos projectos humanitários destas instituições, mas descobri que a escolha de voluntários segue uma serie de requisitos e planeamentos, que não podem ser ultrapassados em tão curto espaço de tempo. Descobri também, que a maior parte deste projectos está ligado a instituições religiosas, cujos procedimentos não me identifico totalmente. Fui educado em colégios religiosos, mas repugna-me a forma como a igreja estagnou no tempo e não se adapta aos tempos modernos.

Das instituições que contactei, houve uma (ATACA) que despertou o meu interesse, pois os formalismos não eram tão complicados e a abertura foi fantástica. Estão numa fase de reestruturação dos seus projectos em Moçambique e as suas acções apenas serão reactivadas a partir de Fevereiro/Março de 2010. Quando tiver de ir ao Porto, fiquei de ir visitá-los para saber mais detalhes sobre os seus programas!

Voltei assim ao ponto de partida e continuo sem saber o que fazer das minhas férias!

...



Jorge Palma - A gente vai continuar

Crise de percepção

Misteriosa é a percepção, quando os leques da visão se abrem para uma segunda leitura duma situação.

Interessante é o pensamento que se amplia, quando se abre a mente para um novo ponto de vista.

A confusão entre aquilo que se olha com o coração e aquilo que entra pela mente, acaba por se transformar num ... "regabofe do caraças".

A casa do Miguel


Entrevista emitida no Jornal da tarde da RTP1, referente à equipa de voluntários da Habitat for Humanity, da qual eu fiz parte ...

Shades of green

Heavy Cross

"O que o faz sentir terror é o amor dela por ele. (...) Porque ele mesmo tem medo de amar (...) Aquela mulher da sua idade, mais ou menos parecida com ele, que sem palavras lhe promete uma felicidade que ele sempre julgara impossível...é talvez o seu duplo, a sua alma gémea. O seu amor. O reconhecimento nos olhos dela («as if she had been waiting for him all her life»...) Amar será reconhecer?"

Escrito por Ana Teresa Pereira






The Gossip - Heavy Cross

Send your lifeboat out



Snow Patrol - A Hundred Million Suns

Kierkegaard on the Couch by Gordon Marino (originally published in New York Times on Oct 28, 2009)

All progress paves over some bit of knowledge or washes away some valuable practice. Within a few years, e-mail and Twitter moved the art of letter writing to the trash bin. And in an age when all psychic life is being understood in terms of neurotransmitters, the art of introspection has become passé. Galileos of the inner world, such as Soren Kierkegaard (1813-1855), have been packed off to the museum of antiquated ideas. Yet I think that the great and highly quirky Dane could help us to retrieve a distinction that has been effaced.

These days, confide to someone that you are in despair and he or she will likely suggest that you seek out professional help for your depression. While despair used to be classified as one of the seven deadly sins, it has now been medicalized and folded into the concept of clinical depression. If Kierkegaard were on Facebook or could post a You Tube video, he would certainly complain that we, who have listened to Prozac, have become deaf to the ancient distinction between psychological and spiritual disorders, between depression and despair.

There is abundant chatter today about “being spiritual” but scarcely anyone believes that a person can be of troubled mind and healthy spirit. Nor can we fathom the idea that the happy wanderer, who is all smiles and has accomplished everything on his or her self-fulfillment list, is, in fact, a case of despair. But while Kierkegaard would have agreed that happiness and melancholy are mutually exclusive, he warns, “Happiness is the greatest hiding place for despair.”

Despair is marked by a desire to get rid of the self, an unwillingness to become who you fundamentally are.

Kierkegaard was called “the Fork” as a child because of his uncanny ability to find people’s weaknesses and stick it to them. His lapidary “Sickness Unto Death” is a study of despair, which in the Danish derives from the notion of intensified doubt. Almost as a challenge to keep out the less than earnest reader, Kierkegaard begins “Sickness” with this famous albeit slightly ironic bit of word play:

A human being is a spirit. But what is spirit? Spirit is the self. But what is the self? The self is a relation that relates itself to itself or is the relation relating itself to itself in the relation.

For those who do not immediately pitch the book across the room, the magister continues, “A human being is a synthesis of the infinite and the finite, of the temporal and the eternal, of freedom and necessity.” Despair occurs when there is an imbalance in this synthesis. From there Kierkegaard goes on to present a veritable portrait gallery of the forms that despair can take. Too much of the expansive factor, of infinitude, and you have the dreamer who cannot make anything concrete. Too much of the limiting element, and you have the narrow minded individual who cannot imagine anything more serious in life than bottom lines and spread sheets.

Though it will make the Bill Mahers of the world wince, despair according to Kierkegaard is a lack of awareness of being a self or spirit. A Freud with religious categories up his sleeves, the lyrical philosopher emphasized that the self is a slice of eternity. While depression involves heavy burdensome feelings, despair is not correlated with any particular set of emotions but is instead marked by a desire to get rid of the self, or put another way, by an unwillingness to become who you fundamentally are. This unwillingness often takes the form of flat out wanting to be someone else. Kierkegaard writes:

An individual in despair despairs over something. So it seems for a moment, but only for a moment; in the same moment the true despair or despair in its true form shows itself. In despairing over something, he really despaired over himself, and now he wants to be rid of himself. For example, when the ambitious man whose slogan is “Either Caesar or nothing” does not get to be Caesar, he despairs over it … precisely because he did not get to be Caesar, he cannot bear to be himself.

In America, there is endless talk of the importance of having a dream — that is, a dreamed-up self that you will to become: a millionaire, a surgeon, or maybe the next Dylan or George Clooney. But master of suspicion that Kierkegaard was, he goes on to note that while the man who has failed to become Caesar would have been in seventh heaven if he had realized his dream, that state would have been just as despairing in another way — because in that giddy self-satisfied condition, he would never have come to grasp his true self.

On the issue of depression of which Kierkegaard and his entire family were very well acquainted, Kierkegaard could have been a reductionist. He seems to have recognized that we could be born into the blues. In 1846, he sighed:

I am in the profoundest sense an unhappy individuality, riveted from the beginning to one or another suffering bordering on madness, a suffering which must have its basis in a mis-relation between my mind and body, for (and this is the remarkable thing as well as my infinite encouragement) it has no relation to my spirit, which on the contrary, because of the tension between my mind and body, has gained an uncommon resiliency.

The spirit is one thing, the psyche another: The blues one thing, despair another.

How might Kierkegaard have parsed the distinction for the Doubting Thomas who will only believe what he can glean on an M.R.I.? Perhaps he would describe it this way.

Each of us is subject to the weather of our own moods. Clearly, Kierkegaard thought that the darkling sky of his inner life was very much due to his father’s morbidity. But the issue of spiritual health looms up with regard to the way that we relate to our emotional lives. Again, for Kierkegaard, despair is not a feeling, but an attitude, a posture towards ourselves. The man who did not become Caesar, the applicant refused by medical school, all experience profound disappointment. But the spiritual travails only begin when that chagrin consumes the awareness that we are something more than our emotions and projects. Does the depressive identify himself completely with his melancholy? Has the never ending blizzard of inexplicable sad thoughts caused him to give up on himself, and to see his suffering as a kind of fever without significance?

If so, Kierkegaard would bid him to consider a spiritual consultation on his despair, to go along with his trip to the mental health clinic.



Rush Hour Dream - Kerim Jaspersen’s short film

Formámos a primeira equipa de 18 pessoas (Portugueses e Americanos) que pelo terceiro ano consecutivo, participámos nestes projectos de construção. Até ao dia 25 de Dezembro vão passar por esta obra, cerca de 100 voluntários. A Habitat for Humanity cumpre sempre os seus prazos e esta família vai ter a chave da sua casa no dia de natal!


Quase voei outra vez ...

Juntei-me aos meus amigos voadores, num dos mais belos locais de voo do país. Encontrei alguns dos membros da minha equipa de competição de Parapente da Associação de Voo Livre de Sintra a fazerem uma reportagem promocional da modalidade, para a SetúbalTV. Foi muito bom encontrar velhos amigos e poder desfrutar de toda a beleza da Serra da Arrábida. Recordei os tempos em que fazia este tipo de voos com passageiros, apenas para sentir a alegria (pura) das pessoas que transportava comigo.



Reportagem Parapente Arrabida

Universos paralelos





Donna Maria - Lado a Lado

Desenhos animados

Acredito no não dito que nunca será traído pelo dito. Acredito nas pessoas que passam nas nossas vidas e nos apagarão um do outro. Acredito nos teus e nos meus amores maiores. Acredito nas opções tomadas e na determinação das escolhas. Acredito que poderíamos ter jogado para ganhar, mas quase sempre se perde ... No entanto, não acredito numa única palavra do que me não disseste, para além daquilo que sinto ser a verdade de toda a nossa mentira.

A realidade não é boa nem má e as coisas foram como foram. Mudámos e mudar é viver e viver equivale a termos mudado muitas vezes. O poder
afirmativo da ausência que nunca fomos capazes de tornar em presença, afastará as lembranças que serão cruelmente desfeitas pelo tempo.

Continuarei a sentir-te em mim, atropelado pela irrealidade das saudades impossíveis daquilo que nunca existiu no mundo real.


Copyright 2008 | Paulo Reis