Os verdadeiros amigos

Seria incapaz de viver sem os meus amigos verdadeiros. Sem a consciência de que existem e são como são e dão sentido à minha vida. Estes amigos são aqueles que falam verdade, que não se protegem nem escudam, perguntam aquilo que temos necessidade que saibam e respondem aquilo que precisamos de ouvir. Põem o dedo nas feridas mas não fazem doer mas curam. São tão amigos e é tão verdadeiro o seu amor que, mesmo distantes ou ausentes, estão sempre connosco. Só é possível partilhar o silêncio com um amigo verdadeiro. Com os outros, tudo se torna pesado e aquilo que não conseguimos dizer transforma-se em equívoco. Com os amigos verdadeiros o silêncio é bom e traz muita paz. Não tropeçamos nas palavras, não nos embaraçam os gestos e o olhar nunca se perde indo direito ao essencial. Para além do silêncio, das palavras e dos gestos há outras maneiras de saber quem são os amigos verdadeiros. Conhecem-se pela intimidade mas, também, pela liberdade. Por seguirem o seu caminho e nos deixarem seguir o nosso. Estão por nós mas não vivem a vida em vez de nós. Seguram-nos mas não nos prendem. Sabem que precisam de estar livres e dão-nos essa liberdade também. Sei, porque sinto que a amizade é como o amor. Parece diferente mas é quase igual. A vantagem, na verdadeira amizade, é que existe menos posse, menos ciúme e mais liberdade. Por isso gosto tanto do amor dos meus amigos.


Editorial - Revista Xis...

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