Nota mental: Cada vez me surpreendo mais, com as pessoas fantásticas que me rodeiam e das quais conheço tão pouco.
...Nuno. Cor de chocolate forte, do bom.. cacau 80% de raízes 100% Angolanas. Foi lá, em Angola, que há quase 9 anos nasceu o Nuno. 15 anos, menos um dia, depois de mim, mas eu cá.
Ao ver-me a primeira vez no hospital, ainda que para visitar outra pessoa, não me largou mais e passei a ser “comunicada” como namorada dele. Assim, por decisão dele, que diz que quem manda é o homem. E eu, que perto dele me sinto nada, concordo e sorrio..
Há 3 anos quis, acredito que não Deus, que não Buda, que não seja lá quem for ..ou ninguém, mas aconteceu, que pisasse vestígios de uma guerra que não a dele. Está desde então em Portugal para cirurgias e tratamentos que permitam à perna, um dia, acompanhar a velocidade dos batimentos daquele coração. Daqueles olhos que, por quase se terem fechado, hoje são abertos, arregalados..para tudo ver, para que nada escape. A língua também, tem-na solta..como as ideias e a vontade de viver. A mim tem-me já presa com abraços apertados à volta do pescoço, para que não vá..e baixa os olhos quando vou, e pergunta quando volto. E eu digo-lhe que em breve, com a nossa foto, que lhe prometi..
Do hospital fez casa, porque é ali que vive e come e dorme e faz traquinices próprias de criança, que é, apesar de mais forte que muitos adultos. Irrita, leva broncas, puxões de orelhas, ameaças de castigo..mas ri, alto, ás gargalhadas..com uma alegria que eu por vezes perco..e ele assim, para me ridicularizar..e eu..agradeço..
Sai em 2010..diz que tem medo de morrer, contam-lhe os anos todos que ainda viverá..ao chegar aos 45 ri..e diz que já chega, que a contagem já pode parar. Depois pergunta o que acontece depois de morrer..”voltas para cá, outra vez como criança e começa tudo de novo”..”Quem, eu??”..”sim..tu”...Ri..contente..agrada-lhe a ideia..acalma-lhe as inquietudes de quem já viu perto de mais o que uma criança de 5 anos não deveria nunca ver..
e eu..eu esqueço problemas, minimizo..porque ele joga à bola nos corredores, perna direita estendida no ar, perna esquerda aos toques na bola...conta, conta..diz ele..e eu conto-os, aos toques..e sorrio ..e ele também :)
...Nuno. Cor de chocolate forte, do bom.. cacau 80% de raízes 100% Angolanas. Foi lá, em Angola, que há quase 9 anos nasceu o Nuno. 15 anos, menos um dia, depois de mim, mas eu cá.
Ao ver-me a primeira vez no hospital, ainda que para visitar outra pessoa, não me largou mais e passei a ser “comunicada” como namorada dele. Assim, por decisão dele, que diz que quem manda é o homem. E eu, que perto dele me sinto nada, concordo e sorrio..
Há 3 anos quis, acredito que não Deus, que não Buda, que não seja lá quem for ..ou ninguém, mas aconteceu, que pisasse vestígios de uma guerra que não a dele. Está desde então em Portugal para cirurgias e tratamentos que permitam à perna, um dia, acompanhar a velocidade dos batimentos daquele coração. Daqueles olhos que, por quase se terem fechado, hoje são abertos, arregalados..para tudo ver, para que nada escape. A língua também, tem-na solta..como as ideias e a vontade de viver. A mim tem-me já presa com abraços apertados à volta do pescoço, para que não vá..e baixa os olhos quando vou, e pergunta quando volto. E eu digo-lhe que em breve, com a nossa foto, que lhe prometi..
Do hospital fez casa, porque é ali que vive e come e dorme e faz traquinices próprias de criança, que é, apesar de mais forte que muitos adultos. Irrita, leva broncas, puxões de orelhas, ameaças de castigo..mas ri, alto, ás gargalhadas..com uma alegria que eu por vezes perco..e ele assim, para me ridicularizar..e eu..agradeço..
Sai em 2010..diz que tem medo de morrer, contam-lhe os anos todos que ainda viverá..ao chegar aos 45 ri..e diz que já chega, que a contagem já pode parar. Depois pergunta o que acontece depois de morrer..”voltas para cá, outra vez como criança e começa tudo de novo”..”Quem, eu??”..”sim..tu”...Ri..contente..agrada-lhe a ideia..acalma-lhe as inquietudes de quem já viu perto de mais o que uma criança de 5 anos não deveria nunca ver..
e eu..eu esqueço problemas, minimizo..porque ele joga à bola nos corredores, perna direita estendida no ar, perna esquerda aos toques na bola...conta, conta..diz ele..e eu conto-os, aos toques..e sorrio ..e ele também :)
Escrito pela Maria ... Parapentista
Carimbadela: Aventuras
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