A morte silenciosa

A doença de Alzheimer ou mal de Alzheimer é uma doença degenerativa do cérebro caracterizada pela perda das faculdades cognitivas superiores, manifestando-se inicialmente por alterações da memória episódica. Estes défices amnésicos agravam-se com a progressão da doença, e são posteriormente acompanhados por défices visuo-espaciais e de linguagem. O início da doença pode muitas vezes dar-se com simples alterações de personalidade, com ideação paranóide. Caracteriza-se clinicamente pela perda progressiva da memória. A perda de memória causa a estes pacientes um grande desconforto na sua fase inicial e intermediária, já na fase adiantada deixam de perceber-se doentes, por falha da auto-crítica. Não se trata de uma simples falha na memória, mas sim de uma progressiva incapacidade para o trabalho e convívio social, devido a dificuldades para reconhecer pessoas próximas e objectos. Mudanças de domicílio são mal recebidas, pois tornam os sintomas mais agudos. Um paciente com doença de Alzheimer pergunta a mesma coisa centenas de vezes, mostrando a sua incapacidade de fixar algo novo. Palavras são esquecidas, frases são truncadas, muitas permanecendo sem finalização.

A evolução da piora é em torno de 5 a 15% da consciência de si próprio e dos outros por cada ano de doença, com um período em média de oito anos desde o seu início até ao seu último estágio. Com a progressão da doença passam a não reconhecer os familiares ou até mesmo a não realizar tarefas simples de higiene e vestir roupas. No estágio final necessitam de ajuda para tudo. Os sintomas depressivos são comuns. Delírios e outros sintomas de psicose são frequentes, embora difíceis de avaliar nas fases finais da doença, devido à total perda de noção de lugar e do tempo. Em geral a doença instala-se em pessoas com mais de 65 anos, mas existem pacientes com início aos quarenta anos, e relatos raros de início na infância, de provável cunho genético. Podem aparecer vários casos numa mesma família, e também podem acontecer casos únicos, sem nenhum outro parente afectado, ditos esporádicos.






Esta terrível doença afecta os meus adorados avós há alguns anos, sendo que o meu avô (com 87 anos) está num estágio terminal da doença.

O meu avô foi o filho mais novo (de 12 irmãos) duma família modesta da Beira Baixa. Começou a trabalhar aos dez anos para ajudar a família. Mais tarde tornou-se num autêntico"self made man" e num verdadeiro aventureiro. Apenas foi capaz de completar os estudos até à 4ª classe com distinção, mas isso não o impediu de aprender tudo o que sempre lhe interessou saber na "Escola da vida". Tornou-se num director dum banco, tornou-se presidente duma Junta de Freguesia e chegou a ser presidente de variadíssimas instituições de solidariedade social. Enquanto aventureiro e marinheiro (apaixonado pelo mar), deu a volta ao mundo de barco por duas vezes. Como músico de excelência, aprendeu a dominar dezenas de instrumentos (incluindo a guitarra portuguesa) sem nunca ter tido aulas de música. Liderou diversas bandas filarmónicas, integrou a banda da marinha e chegou a gravar discos (instrumentais) de Fado. Para além de tudo isto, sempre teve qualidades humanas inesgotáveis e será exactamente por tudo isto (e muito ... muito mais) que eu o irei lembrar como sendo o meu (outro) pai e o meu grande herói!

A constatação da realidade imposta por esta doença incurável e devastadora, passa pela assimilação inevitável que vou perder o meu querido avô, num futuro próximo! Convivo pacificamente com a ideia da "Morte" e tenho uma visão muito peculiar acerca dela. Estive demasiado perto da morte e fui capaz de regressar para a vida! Não temo a minha morte, não a desejo, contudo estou em “paz” com ela. O que custa realmente é: assimilar a ideia que ela poderá estar demasiado próxima de alguém que eu amo incondicionalmente e isso é revoltante...!

1 Whariúthinqs?:

At 7:26 da tarde Anónimo said...

Ele pergunta:

When the heck did we get old?

Ela responde:

Hell, I’ve always been old.
You know what, though? I don’t mind.
I mean, if my muscles ache, it’s ’cause I’ve used them.
If it’s hard for me to walk up them steps now, it’s ’cause I walked up them every night to lay next to man who loved me.
I got a few wrinkles here and there, but I’ve laid under thousands of skies on sunny days, yeah.
I look and feel this way, well, ’cause I drank and I smoked, I lived and I loved, and danced, sang, sweat and screwed my way through a pretty dammed good life, if you ask me.
Getting old ain’t bad.
Getting old, that’s earned.

Andorinha

 

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