Eu sou céu e ar na imensidão.

Cheguei à conclusão que a minha vida dava um filme... mas ... fica bem mais barato fazer este blog. Não sei se esse filme seria de terror, cómico-trágico, sado-masoquista ou de acção? Possivelmente seria uma mistura de todos estes géneros e mais alguns ;-)

A certa altura da semana passada, tive de lidar com a morte alheia e isso fragilizou-me bastante por um lado e deu-me alento para me sentir mais vivo por outro. Por muito que não tema a morte, é sempre perturbador quando vejo alguém morrer em frente aos meus olhos e me sinto impotente, mesmo quando acredito que a morte acaba por ser “apenas um outro recomeço”. Infelizmente, a morte é algo que tem estado sempre presente na minha vida e que só me faz querer viver muito mais intensamente para continuar a ter o poder de a enganar!

A certa altura, consegui (também) esclarecer um dos muitos problemas sentimentais que me apoquentavam. O problema desapareceu tão rapidamente como surgiu! A pessoa que me dizia que eu não era um "Homem Inteligente" disse-me que aquelas palavras que me dirigiu não eram sequer dela e que não era aquilo que me queria transmitir. Estava incomodada por me ter enviado aquela mensagem e por estar a querer enquadrar-me num padrão de “homem manipulador” que existia na sua mente fruto de relacinamentos anteriores... Compreendi-a (mais do que ela alguma vez poderia imaginar) e pedi-lhe também desculpas, pois ninguém é totalmente inocente neste tipo de situações e também eu errei (e reconheço) ao longo deste processo.

Domingo, foi um “dia de sonho” para um masoquista com o eu e passo a explicar:

Desde que corri uma meia-maratona (20 kms) à algumas semanas atrás e me decepcionei com a minha performance, sempre achei que poderia fazer muito melhor. Tenho trocado ideias com amigos que fazem maratonas (40 kms) e eles deram-me umas dicas e eu tenho andado a tentar pô-las em prática. A dica mais importante (e que tem feito toda a diferença) foi a de que é necessário deixar o corpo descansar depois dos esforços. Andei a fazer treinos muito intensos, correndo 5-10 kms sempre que encontrava algum tempo, em seguida jogava ténis e noutros dias fazia natação. No meio disto tudo aconteceu uma paixão não correspondida e tive dificuldade em lidar com a situação e o resultado foi a perda de peso e um turbilhão emocional, mas até isso foi benéfico fisicamente. Sinto-me numa forma física excelente e aprendi a descansar o corpo, pois antes só me preocupava em treinar até à exaustão para esquecer os problemas ou para que estes se desvanecessem por si só.

No Domingo acordei muito cedo e fui correr um pouco ao som das minhas músicas. Entrei numa espécie de "transe" e quando me apercebi tinha corrido (voado) 10 kms a um ritmo impressionante! Como estava ainda fresco fisicamente, decidi esticar até aos 15 kms. O ritmo aumentou ainda mais e não havia sinais de cansaço e sentia uma paz interior enorme. Ok! Buga lá até aos 20 kms! Comecei a estranhar como era possível estar a correr daquela forma, sem muita preparação prévia, com uma noite mal dormida, etc... Terminei a minha corridinha e no final constatei que batera o meu recorde pessoal da meia-maratona em menos vinte! Fiquei satisfeito, mesmo que o meu tempo continue a ser apenas ligeiramente superior ao dum "caracol cansado". Senti-me estranhamente fresco depois de tudo isto e fui para o ginásio fazer uma série (de milhares) de abdominais, elevações, alongamentos, etc... Uma coisinha soft!
Em seguida apetecia-me voar, mas parecia que as condições não eram as ideais e fui para a piscina ler um livro que me sugeriram (Brida de Paulo Coelho) e nadar um pouco para relaxar. Fiz cerca de 30 piscinas só para relaxar... Entretanto a vontade de voar continuava na minha cabeça e decidi ligar a alguém (que sei que está sempre num local de voo) e ele disse-me que estava fantástico (para esta altura do ano). Meti-me no carro e zarpei para ir voar de parapente. Cheguei ao local e estavam todos no chão! Senti que o dia estava a ser perfeito e não ia acabar sem eu conseguir voar. Acho que o meu pensamento positivo fez com que as condições melhorassem logo em seguida. Descolei e estive duas horas a voar em sintonia com as “forças da natureza”. Não sei explicar o que senti, mas voei em plenitude com o espaço envolvente e com tudo o que me rodeava. Consegui manter-me sempre acima de todos e enquanto uns aterravam e outros descolavam, eu mantinha-me sempre nas alturas e ninguém me tirou de lá até quase ao anoitecer. Fiz amizade com uma ave de rapina que me mostrava os locais onde tinha de ir para subir melhor. Esses locais eram muito poucos óbvios (para mim) e senti que essa ave e eu estávamos ligados naquele momento por um elo qualquer e conseguíamos cooperar para nos mantermos em voo. Não é a primeira vez que sinto esta ligação com as aves e é algo que aconteçe recorrentemente na minha vida e nos meus voos! Naquele dia, perseguíamo-nos um ao outro e tomávamos decisões parecidas. Foi mais uma experiência mística e fantástica e fez-me perceber uma vez mais, a razão desta minha paixão que dura à tantos anos e que sinto que dificilmente vou conseguir abandonar. Acho difícil alguma vez vir a perder a vontade voar, independentemente do rumo que a minha vida possa tomar no futuro... Voar é mágico e é pena que só muito poucos consigam ter este tipo de sensação mágica que me faz ver o quão insignificantes são os problemas do dia à dia...

Hoje (segunda-feira) acordei com uma música (Quando a chuva passar) na cabeça que já está a fazer com que o meu dia corra bem e sinto-me feliz por estar vivo e com saúde!

Sinto uma alegria imensa e acho que vários segmentos do meu “filme de vida” estão a ser reeditados de uma forma diferente e que as coisas vão melhorar bastante antes de piorarem outra vez...

“Altos e baixos fazem parte da construção do nosso carácter!”.



Quando a chuva passar- Ivete Sangalo

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