Jovem esperança da literatura portuguesa

A vida também é feita de lembranças e veio-me à memória a lembrança de dois amigos (irmãos) que não vejo há mais de 10 anos. O Rafael e o Jacinto eram meus colegas de equipa quando jogávamos basquetebol. O Jacinto jogava na mesma posição que eu (base da equipa) e eu era quase sempre colocado a aquecer o banco, pois ele sempre foi muito melhor (tecnicamente) do que eu alguma vez poderia ter sido. Ele conquistou com mérito o lugar de base (líder) da equipa e era uma referência para todos, enquanto que eu me preocupava mais em querer dar assitência à equipa feminina de Voleibol (sem grande sucesso na altura) que treinava no mesmo pavilhão :-)
Ambos eramos baixos e tinhamos de usar outros atributos para vingar num mundo de gigantes de 2.00m de altura como é o basquetbol e isso era um desafio grandioso que ambos enfrentávamos diáriamente com determinação. Lembro-me que o Jacinto tinha um humor sarcástico, que se parece muito com a minha maneira de comunicar a maior parte das vezes! Tanto quanto sei, o Rafael tornou-se num excelente advogado e o Jacinto é um escritor reconhecido internacionalmente. Lembro-me de uma viagem que fizemos juntos a Bruxelas, patrocinado e pago pela Comunidade Europeia (CEE), onde tivemos a oportunidade de conhecer o centro de decisão da actual União Europeia (UE). Foi uma viagem atribulada feita por cerca de 30 sortudos jovens (com 18-19 anos de idade) que tiveram a oportunidade única de poder viajar pela França e Bélgica. Recordo-me das muitas aventuras que vivemos nessa viagem onde a certa altura: fugiámos do local onde estávamos alojados; apanhávamos valentes bebedeiras; conseguimos a proeza de furar o casco dum barco que tomámos por empréstimo num lago da casa vizinha; consegui ter a coragem para retribuir um tabefe a um padre (que tinha a mania de nos agredir fisicamente) e quase fui expulso do colégio onde andávamos por essa mesma razão, etc.., etc...

Recordo com saudade estes tempos e fiquei feliz por ter visto há dois dias atrás, uma entrevista do Jacinto Lucas Pires na televisão. Pude constatar que ele se mantém uma pessoa alegre e feliz com a vida... Já li um livro dele e vou procurar ler mais alguns quando tiver oportunidade para tal...

Encontrei este texto escrito por ele que me agradou bastante:

"A Casa" por Jacinto Lucas Pires

Um tempo para que pudesses pensar tudo com calma, dizias-me “vais ver que é pelo melhor” e “daqui a uma semana ligo-te” e “não é que eu vá desaparecer assim totalmente” e “no fim disto ainda me vais dar razão”, os teus olhos, enormes cubistas, olhavam-me numa agudeza decidida, e eu calado, sabia então que já não era possível fazer-te voltar atrás, desde essa tarde, era domingo e todas as outras pessoas entretinham-se a passear a sua alegria pelo tédio de um dia nem muito quente nem muito frio, desde essa tarde foi um silêncio do tamanho de uma montanha, trezentos e treze vezes vinte e quatro, o resultado é o número de horas que até hoje esperei por uma palavra tua. Em vão. Na casa construída, um pouco como uma ilha, no meio do nada do papel escrevo, fechando o desenho, que o seu fim é de novo o mar.

Encontrei também a sua Biografia na Internet:

Jacinto Lucas Pires - Escritor português, nascido em 1974, no Porto, filho do ilustre professor universitário Francisco Lucas Pires. Estudou Direito na Universidade Católica de Lisboa e Cinema na New York Film Academy. Prosseguindo os passos do seu pai, no gosto pela escrita, Jacinto Lucas Pires publicou, em 1996, o seu primeiro livro, um livro de contos intitulado "Para Averiguar do seu Grau de Pureza".Descoberta esta faceta, a imaginação criativa não lhe deu mais tréguas, sendo já muitos e diversificados os títulos editados, em género narrativo, dramático e a crónica. Jovem determinado e confiante, Jacinto Lucas Pires direcciona a sua actividade criativa ficcional em vários sentidos, escrevendo também o argumento da curta-metragem "É Só um Minuto", realizado por Pedro Caldas, e realizando ele próprio, em 1999, a curta-metragem "Cinemamor". Como cronista, é responsável por uma crónica periódica no portal Clix.pt. Editou os seguintes livros: "Para Averiguar do seu Grau de Pureza", 1996 (conto); "Universos e Frigoríficos", 1997 (teatro); "Azul-Turquesa", 1998 (ficção); "2 Filmes e Algo de Algodão", 1999 (ficção); "Arranha-Céus", 1999 (teatro); "Abre para cá", 2000 (livro de contos), "Do Sol", 2004 (romance).

O que dizem da sua obra literária:

"A qualidade é precisamente essa, a de escrever como quem pinta ou transcreve para uma pauta o que ouve assobiar na rua. O resultado, pretensiosismo à parte, é excepcional."

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