No regrets at all (escrito em Agosto de 2010).

Esta é apenas mais uma história (como tantas outras) repleta de idiossincrasias românticas. Como tantas outras histórias, também esta, tem um começo, um desenvolvimento (duvidoso) e um fim incerto. Se tivesse uma banda sonora, poderia muito bem ser ESTA e nunca ESTA! Desta feita, o narrador opta (sem sucesso) por escrever na terceira pessoa, apenas para parecer mais “cutchi-cutchi” e para tentar acentuar um certo afastamento (impossível) da realidade. Ao relatar apenas o começo e o fim, o narrador acaba por poupar aos leitores, momentos de profundo enfadonho, omitindo os pormenores descritivos, resultante dum período de enorme “abichanamento” emocional.

“Ready, set, go!
Let´s do the facts!
Just before jumping to the ... not so painful conclusions!”

Mesmo que ele quisesse, nunca poderia voltar a atrás. O que lhe apetece partilhar neste momento, poderá ser aquilo que vos quiserdes entender. Para ele é (tão somente) um registo de uma, das relações humanas mais gratificantes que teve na sua imperfeita vida!

Como todas as histórias, também esta deveria ter um começo, um desenvolvimento e um fim, mas ... não tem! Trata-se duma trapalhada pegada! Se tivesse um desenvolvimento, o narrador teria de dissecar todas as situações que impeliram o protagonista deste enredo a querer emigrar. Teria também de explicar a razão pela qual ele comprou uma casa, para (talvez se houvesse uma hipótese mesmo que remota), um dia puder vir a compartilhar esse espaço com a outra personagem do enredo. Mas … não se explica nada disso, ok?

Claquete! Acção!

Ele arranjou um bilhete de avião em tempo recorde e acordou em Fortaleza (Brasil). Conheceu logo na primeira noite uma empresária que lhe queria alugar uma casa. Foi ver a casa e quase (quase) se envolveu com a empresária que detestava portugueses. Acabou por alugar um carro no dia aseguinte e optou por "embrenhar-se" no sertão nordestino, apenas para se envolver rapidamente num frenesim sexual com uma nordestina, que conhecera em carnavais passados. Este envolvimento ... quase que terminou NISTO, não fosse o facto de ele ter insistido em proteger-se convenienetemente, pois ela queria ... um filho dele!

Fugira do seu mundo e de “algo” que nunca saberá descrever ao certo. Talvez tenha passado por um novo distúrbio emocional profundo, agravado por uma grande dose de irracionalidade, alimentado por um desejo inexplicável, associado a um período muito “negro” de perda de capacidades físicas momentâneas, bem como o desmoronar duma grande paixão desportiva que esteve no centro da sua vida durante muitos anos.

Nada lhe corria bem. Estava profundamente perdido num constante turbilhão de emoções e farto dos intermináveis problemas de saúde. Só desejava fugir dele próprio e do mundo. Não se reconhecia, naquilo que se andava a tornar. Estava disposto a mergulhar num "mundo de trevas" para tentar descobrir quem era, donde vinha e para onde pretendia ir a seguir…

Iria viajar sozinho pelo Brasil durante um mês em busca de clarividência. Viajava duma forma muito “light” em todos os sentidos, menos no emocional. O que desejava naquele momento, era embrenhar-se na floresta amazónica e perder-se por lá com sucesso. Era um momento de “ou vai ou vacila ou racha”. Vacilar nunca foi o seu forte. Quanto a rachar, ele só se especializara em rachar os próprios ossos, do seu já remendado esqueleto. Foi e … chegou a Manaus (uma das portas de entrada para a Amazónia). No dia seguinte estava prestes a percorrer o rio amazonas e a caminho da floresta. Contratou os serviços duma empresa (bastante duvidosa) e mal sabia que estava prestes a entrar numa experiência que modificaria a sua forma de encarar o mundo … tal qual o concebia até então!

Viram o filme "Inception"? Viram o filme "Avatar"? O que se passou nestes filmes tem algumas semelhanças (com o antes e o durante), excluindo obviamente os tiros, os alienígenas e a falta de sentido das coisas ... :-D

Take 2! Acção!

Tinha de haver uma “ela”, certo? Lá estava “ela” e ele congelou na primeira troca de olhares com aquela loira minorca de 1.50m, que estava longe de perfazer o seu ideal da mulher ideal. Viu-a no meio de um grupo de Franceses e concluiu que estaria acompanhada do marido ou namorado.
Ele foi à sua vidinha! Enquanto esperava pelo barco que os levaria para a selva, aproveitou para ir comer uma papaia e sentir os cheiros intensos do porto de pesca em plena actividade. Lembrou-se que se esquecera (ou se borrifara) de tomar as vacinas contra as milhentas maleitas tropicais, abundantes num local daqueles. Aproveitou para tentar remediar os estragos da sua insensatez e foi comprar um repelente de insectos na única loja fétida e suja que existia por aquelas bandas.

Take 3! Acção!

Lá estava ela sozinha a pagar o mesmo tipo de repelente e com um sorriso do tamanho do mundo. Ele intrigou-se muito com aquele sorriso! Era um sorriso que aprendera (após ter perdido uma das suas sete vidas) a reconhecer. Um sorriso exibido por pessoas que passam por situações traumáticas e descobrem que estão profundamente: apaixonadas pelo facto de ainda existirem; apaixonadas pelas outras pessoas e apaixonadas pela natureza que as rodeia. Só quem ama a vida com intensidade e respeito, consegue ostentar aquele tipo de sorriso. Isso é intrigante para quem não está (a dado momento) totalmente satisfeito com a sua existência.


Take 4! Acção!

Ela, era muito delicada e falava "Franciu" com uma doçura muito peculiar! Ele fugiu dela a sete pés. Não lhe dirigia a palavra. Tinha medo. Deixou-a ficar “sogadita” com o seu grupo de amigos “francius” e isolou-se a contemplar a beleza da natureza que o rodeava. Uma natureza que tinha tanto de belo como de mortífero. Toda aquela grandeza natural era uma enorme metáfora apenas comparável com a própria vida!


Take 5! Acção!

Sempre que ele se isolava do grande grupo, reparava que ela também tinha tendência ao isolamento. Acabavam por se encontrar (ocasionalmente) nos lugares mais isolados do local. Ele, entretinha-se (deitado na rede) a contemplar a floresta e ela estava sempre por perto a fazia o mesmo. Ele, desconfiava que ela era muito diferente dos outros. Tinha aquele sorriso que revelava um prazer invulgar de poder estar naquele lugar. Não falavam, mas comunicavam demasiado!

Take 6! Acção!

No albergue, onde era suposto pernoitarem não existiam quartos individuais. Cada um tinha direito a uma cama, um lençol e uma rede mosquiteira. Ele estava deitado. Ela aproximou-se e apresentou-se de novo. Ela, perguntou-lhe se a cama do lado estava ocupada. Ele, respondeu que não e ela instalou-se! Ele saiu do dormitório e deixou-a durante alguns momentos de privacidade e aproveitou para fugir dela.

Take 7! Acção!

Ele nunca se sentiu propriamente integrado naquele grupo de turistas e preferia conversar com os pescadores e nativos. Interessava-se por aprender o seu modo de vida. Acabara o dia a nadar num rio infestado de piranhas e caimões. Voltara satisfeito para se deitar numa (das duas) redes que existiam no local. Contemplava o pôr do sol sobre o grande pulmão do mundo que é a floresta da amazónia. Adormeceu em paz na rede. Quando acordou, ela estava na rede do lado a brincar com um papagaio, ostentando aquele sorriso do tamanho do mundo e conversaram. Ele não se lembra da conversa que tiveram!

Take 8! Acção!

Estava ser um dia complicado para ele e complicou-se ainda mais quando se foi deitar e ela trocou de roupa (à sua frente) sem pudores. Ele conhecia as mulheres (em teoria e alguns casos práticos, vá... ;-D). Sabia interpretar alguns sinais, mas não lhe interessava (naquele momento) abrir as antenas (que estavam em estado de pousio) e procurar entender o que quer que fosse!

Take 9! Acção!

Na manhã seguinte separaram as pessoas em grupos, conforme os programas que cada um pretendia fazer durante a estadia na selva. Eram vinte pessoas e de todas as combinações possíveis, eles acabariam por ficar juntos.

Take 10! Acção!

Acompanhados por um guia, lá foram (um Brasileiro, um "Portuga", uma Suíça e uma Australiana) passar a noite ao relento na selva. O guia tinha um sentido de humor invulgar e só contava histórias que envolviam onças e cobras; o Brasileiro curtia drogas psicadélicas e ainda se encontrava (um tanto ou quanto) alucinado após ter experimentado a Ayahuasca; a Australiana estava a mudar radicalmente de vida e tinha feito um desvio a caminho de Londres onde iria trabalhar; A Suíça era uma incógnita; O "Portug"a era … era … nem sei ... se vos diga ... se vos conte!

Take 11! Acção!

Foram procurar lenha na floresta para fazer a comida. Ela montara a rede junto dele. Ele, sentia-se impelido a zelar pelo bem estar dela. Preocupava-se com os barulhos agressivos dos animais nocturnos, que circundavam as redes montadas no meio da floresta. Ele acordou várias vezes durante a longa noite, com os suspiros de susto dela. Ele estranhava a razão porque queria tanto proteger aquela desconhecida, preocupando-se mais com ela do que com ele próprio!

Take 12! Acção!

Ele acordou cedo e estava a chuviscar. Ficou sozinho a ouvir os barulhos da selva e da vida ruidosa que despertava. Um ruído "musical" inesquecível! Era agradável ouvir aqueles sons matinais, após as sensações de invulnerabilidade, sentidas durante a noite escura como o breu, no meio duma floresta demasiado activa durante a noite.

Take 13. Acção!

Ele não se lembra como foi, quando foi ou a que propósito, mas ... ela abriu-lhe a alma e ele mergulhou atrás. Sentiu-se muito próximo dela (demasiado próximo talvez). Descobriu que ela estava ali a fugir de algo (tal como ele). Descobriu que ela saíra dum situação ainda mais traumática (em termos de saúde), do que ele. Descobriu que ela tinha ido ao Brasil à procura dum ex-namorado e que estava desolada com o que encontrara.

Ele contou-lhe tanta coisa que ... perdeu o enorme fardo emocional que transportava consigo. Contou-lhe o seu frenesim sexual inesperado da semana anterior. Contou-lhe a sucessão de ilusões e acontecimentos que o levava a estar ali naquele momento, etc… Expôs-se duma forma inexplicável!

Take 14! Acção!

Este seria o último dia em que estaríamos juntos e tinha acabado de ganhar uma amiga.

Take 15! Acção!

Ele “atazanava” a cabeça ao pessoal do albergue, que lhe tinham alimentado a possibilidade (ainda que remota) de ir passar uns dias com uma tribo de índios. Durante o almoço de despedida compartilhou (com emoção) à sua nova amiga que estava na iminência de conseguir realizar o seu desejo. Ela disse-lhe imediatamente que também ia e que era para isso que ali estava.

Take 16! Açção!

Foram! Ficaram lá e voltaram modificados! Aprenderam a viver com e como os índios. Aprenderam a usar alguns dos recursos da floresta. Aprenderam a reconhecer uma infinidade de plantas medicinais. Foram convidados a ficar na tribo. Quase foram obrigados a casar, segundo os rituais da tribo (isso seria outra história para contar que envolve formigas ... :-D).


Take 123546455747! Acção!

O que se passou na selva e após o regresso ao mundo (dito) civilizado daria para escrever vários livros. Resumidamente: quiseram mudar “tudo” para continuar a “viajar” juntos, mas a realidade foi muito diferente …

Take 5335453123546455747! Acção!

Ele mudou o seu mundo, após ter conhecido este ser humano maravilhoso. A vida dele nunca mais poderá voltar a ser o que era, até porque se tornou muito melhor. Ela já não faz parte dos seus planos de vida e ele está feliz por saber que ela segue o seu caminho e está a lutar pelos seus sonhos.

Ele descobriu que tem um “anjo” da guarda que o acompanha à distância. Este amor foi ... breve. Transformou-se, adaptou-se e enriqueceu. Converteu-se numa amizade sólida para a vida.

Take 7876787855335453123546455747! Acção!

No fundo ele sabe que ... apenas se concretizou a primeira das duas premonições do "Pajé" da tribo, que disse: Vocês estão muito apaixonados mas não vão ficar juntos. Falta completar a segunda que apenas foi revelada a um dos interveniêntes...


Assim foi e actualmente, basta-lhe saber notícias (poucas) dela. É mais do que suficiente saber que está bem de saúde e feliz na "heidyland". Ele redescobriu o que já sabia mas esquecera: A vida tem muito mais sabor, sabendo que existe sempre a possibilidade de deslumbramento com as coisas mais simples. Acabou de saber que ela esteve em Madrid na semana passada e que desceu recentemente (em caiaque) uns rápidos na Costa Rica. Esse era um local onde ele queria ir. Ela adiantou-se e foi, após ter cancelado a sua ida à Ilha do Borneo.

E ... por incrível que pareça, ele está a planear, ir no final deste ano à Ilha do Borneo que é o local que ela gostaria de visitar! :-D

Take 7867389063890476734674568740687!

O narrador informa que este filme/texto/novela pirosa, contém muitas imprecisões e aproveita para transmitir que este não é um "filme" perfeito, completo e com um final previsível. Neste "filme" os intervenientes não acabam juntos para sempre! Neste "filme" existiram seres humanos que se cruzaram no caminho uns dos outros durante breves momentos. Cumpriram a sua função, aprenderam as suas lições e seguem os seus caminhos ... onde quer que esses caminhos os levem!

THE END ... is near (já dizia o outro)! ;-D

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