"Eu sou o mestre de meu destino. Eu sou o capitão da minha alma."
Vomitado por: Flyer Horas de prazer: 03:18:00O racismo promove a noção da existência de raças humanas superiores a outras, valorizando as diferenças biológicas entre seres humanos de forma a justificar a escravidão e o domínio de determinados povos em relação a outros.
Eu vivi no Apartheid. Um regime de segregação racial adoptado legalmente em 1948 na África do Sul, segundo o qual os brancos detinham o poder e os restantes povos eram obrigados a viver separados dos brancos, de acordo com regras que os impediam de ser verdadeiros cicidadãos. Este regime foi finalmente abolido por Frederik e Klerk em 1990 e em 1994 realizaram-se eleições livres.
Segundo o regime do Aprtheid, os não-brancos eram excluídos do governo e não podiam votar. Aos negros (70% da população) eram proibidos diversos tipos de empregos e jamais poderiam empregar brancos. Existiam áreas (que incluíam as grandes cidades) designadas para brancos, onde era vedada a não-brancos a possibilidade de manterem negócios ou práticas profissionais. Os negros só podiam trabalhar, mediante um passe que era concedido a quem tinha trabalho aprovado. Quem trabalhasse sem esse passe estava sujeito a prisão imediata, julgamento e deportação.
Nos transportes, repartições estatais, cinemas, restaurantes, bibliotecas, piscinas, praias e restantes locais públicos, existiam áreas exclusivas para brancos. A educação e a saúde dos negros custava ao estado um décimo da dos brancos. Educação superior era impossível para a maioria dos negros.
O sexo inter-racial era proibido. Os policias negros não podiam prender brancos. Os negros não tinham autorização para comprar bebidas alcoólicas. Um negro estaria sujeito à pena de morte por violar uma branca, mas um branco que violasse uma negra recebia apenas uma multa leve. Um branco que entrasse numa loja seria atendido à frente de negros que já lá estavam, independente de qualquer outro factor.
A minha família foi obrigada a fugir para este país devido à guerra colonial em Moçambique. Eu era criança (vivi lá dos 3 aos 8 anos) e não entendia essa "coisa" do Apartheid. Fui obrigado a aprender a falar a língua Africâner numa escola de brancos. O contacto com os negros era algo a evitar, por medo das consequências que isso traria para eles. Lembro-me dos negros serem sempre tarados duma forma humana, justa e igual lá em casa. A situação mudava quando se ia para os espaços públicos, pois passava a existir uma "farsa" simulada. Aqueles negros com quem dividíamos diariamente a comida, vivíamos e brincávamos com os filhos … tinham de ser tratados como "seres" de condição inferior.
A realidade diária era totalmente diferente, mas publicamente esta era a única mensagem possível de transmitir! A segregação racial era de tal forma imposta, que bastava a denuncia dum vizinho ou alerta anónimo à policia contra um negro, para lhe ser retirada a permissão de trabalho e dar direito a prisão.
O sonho de Nelson Mandela para uma África do Sul próspera e reconciliada com o passado está longe de se tornar real. De qualquer forma valeu muito a pena a longa luta dos sul-africanos de todas as raças por um país livre da discriminação e da exploração baseada na cor da pele!
"His people needed a leader. He gave them a champion."
Out of the night that covers me, ------------- Noite fora que me cobre
Black as the Pit from pole to pole, ----------- Negra como um Breu de ponta a ponta,
I thank whatever gods may be --------------- Eu agradeço, a sejam quais forem os deuses
For my unconquerable soul. ----------------- Por minha alma inconquistável.
In the fell clutch of circumstance ------------ Nas cruéis garras da circunstância
I have not winced nor cried aloud. ---------- Eu não fiz cara feia ou sequer gritei.
Under the bludgeonings of chance ----------- Sob as pauladas da sorte
My head is bloody, but unbowed. ------------ Minha cabeça está sangrenta, mas não abaixada.
Beyond this place of wrath and tears --------- Além deste lugar de raiva e lágrimas
Looms but the Horror of the shade, ---------- É iminente o Horror da escuridão,
And yet the menace of the years -------------- E ainda o avançar dos anos
Finds, and shall find, me unafraid. ------------ Encontra, e deve me encontrar, sem medo.
It matters not how strait the gate, ------------- Não importa o quão estreito seja o portão,
How charged with punishments the scroll, --- O quão carregado com castigos esteja o pergaminho,
I am the master of my fate; --------------------- Eu sou o mestre do meu destino;
I am the captain of my soul. -------------------- Eu sou o capitão da minha alma.
Poema de William Ernest Henley
Tradução por Matheus Sukar