MEDO ... O Borrego está no livrinho das tombinhas.

As novas ferramentas sociais não param de me surpreender.

Uma ex-colega de curso colocou no Facebook, uma fotografia da cerimónia final do nosso curso superior. Um curso que foi terminado (sem chumbos e infindáveis exames de segunda época) ao custo de muita gazeta, cábulas com fartura, bebedeiras absurdas e "rambóia" em quantidades desmesuradas. Passei (muito) pouco tempo dentro dos muros da Universidade, pois as actividades extra-curriculares eram infinitamente mais estimulantes, do que as matérias chatas e repetitivas leccionadas por lá.

Por outro lado, existia um antro de perversidade chamado a "Taberna do Sr. Américo, situada exactamente do lado oposto da Universidade. Alí no escritório (o nome como apelidávamos a taberna), aprendiam-se muitas das disciplinas nas área das ciências da ”Escola da vida”. Essas disciplinas eram exactamente aquelas que não se aprendem nas universidades. Beber traçadinhos, emborcar litradas de vinho rasca de penalti, praxar caloiros/as, vomitar numa casa de banho com um buraco multi-usos panorâmico no chão, e tantas mais coisas que não tenho coragem (nem tempo) para relatar...

Esta terá sido a vida (durante 4-5 anos) de diversos jovens rapazes e raparigas que nunca esquecerão essa fase degradantemente feliz das suas vidas.


Volvidos 11 anos, começaram a aparecer fotos desses tempos, a circular no Facebook. Uma mente iluminada, decidiu criar um grupo restrito de ex-alunos de curso e várias pessoas estão a reencontrar-se novamente neste mundo virtual. Uns foram trazendo outros e assim sucessivamente! Fui-me lembrando de nomes de pessoas que gostaria de rever e encontrei-os no Facebook! Muitas surpresas agradáveis têm acontecido nos últimos tempos…

Por exemplo: Reencontrei o meu amigo Pedro, de quem perdera o contacto há 11 anos. O Pedro era dos tipos mais "fodidos" para alguém (seres humanos racionais) se conseguir relacionar. Tinha sempre uma "caralhada" na ponta da língua! Cada frase completa, continha sempre (pelo menos) um palavrão se falasse com "gaijas" e meia dúzia se falasse com "gaijos"! Não sorria para ninguém e estava sempre cheio de stress, principalmente quando não podia fumar os seus inseparáveis charritos!


Nunca percebi porque razão éramos tão amigos, mas durante 4 anos ele confiava em mim e eu nele incondicionalmente. Insultávamo-nos constantemente e eu usava o sarcasmo para o irritar. Ele tratava-me amigavlmente por cabrãozinho e eu tratava-o por Borrego. Sempre que não havia insulto fácil entre nós, era porque as coisas estavam complicadas e alguém tinha um problema grave por resolver!

Éramos apenas 4 rapazes numa turma com muitas (26) raparigas e tínhamos uma espécie de irmandade forte! Éramos os quatro mosqueteiros, sendo que nunca nos chateávamos mais do que 5 minutos e as divergências eram resolvidas a mamar copos.

Sempre acompanhei … o paradeiro de dois destes mosqueteiros, mas o Pedro Borrego desapareceu do mapa.


O Nuno "Garden" casou-se e foi pai! É um chefe e família respeitável, competente e ama o Sporting acima de Deus. O Nuno "Cantonês" era o mais sensível de todos. Sempre gozámos com ele, pois era o que tinha demasiada intimidade com as raparigas. Soube recentemente (e fiquei feliz por ele) quando alguém me disse que ele saiu do armário e assumiu-se como "GAY". Quanto ao Pedro Borrego, sempre pensei que ele teria acabado com uma seringa espetada no braço numa qualquer sarjeta, mas enganei-me! Descobri que é funcionário numa instituição bancária e responsável por atendimento de clientes. Aprendeu a controlar o seu palavreado e já não parece o mesmo "carroceiro" a falar ao telefone. Bem … pelo menos disfarça nos primeiros cinco minutos, antes de eu começar (ao fim de 11 anos sem comunicação) a espicaçar.

Encontrei o Pedro Borrego, num "search" no livrinho das trombinhas (facebook). Lá estava a tromba dele escarrapachada. Adicionei-o e recebi imediatamente a seguinte mensagem: Vai-te foder ... ficastes de me ligar e nunca mais dissestes népia. (Nota: Este … ficaste de me ligar foi há 11 anos atrás). Resposta: Tás bom ó Borrego? Continuas com os modos dum "carroceiro"! Resposta dele: Dá-me o teu número de telefone cabrãozinho ... antes que te mande pró caralho ... Foda-se!!!!


Ligou-me imediatamente e falámos como se nos tivéssemos encontrado ontem! Fez-me um interrogatório (tipo Gestapo mas com mais sangue) e intimou-me a ir almoçar com ele para semana que vem, senão ficava refodido comigo … como se já não estivesse totalmente refodido por eu não lhe ter ligado naquele dia (específico) há 11 anos atrás. Ahahahahahahahahaha!

Nota final: Recordar e reecontrar é mesmo reviver! Há pessoas que continuam genuínas, mesmo com o passar dos anos! Será um enorme prazer poder voltar a insultar (ao vivo e a cores) o Pedro Borrego e recuperar parte do reportório de asneiras, que fui conseguindo retirar do meu vocabulário ao longo dos anos.

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