Caistes do céu? Agora sofre animal! :-)

Faz hoje um mês que deixei de andar á "velocidade cruzeiro" e estou de baixa. A minha vidinha (neste último mês) tem passado por uma imobilidade quase total, pois é a forma de consolidar a fractura cominutiva que tenho no cotovelo. Tenho lido bastante sobre este tipo de fracturas (pouco usuais). Todos os médicos incluído o "artista" que me operou, concordam que a utilização de fios de kirschner, não é a melhor forma para resolver o problema do meu cotovelo. Aquilo que seria uma operação provisória, executada num hospital de província, acabou por tornar-se numa solução permanente, devido a uma fractura exposta com uma enorme possibilidade de infecção e ferida associada. A resoluão definitiva da fractura do cotovelo ainda é uma grande incognita. O exclente médico que me acompanha vai analisando a evolução, enquanto me retira “bifes” do cotovelo, durante a sessãozita de tortura instrutiva, a cada três dias.

Estas sessões tornaram-se numa simpática rotina cómico-trágica. A tragédia da situação prende-se com as dores agonizantes que infligem aqui ao "animal". A parte cómica acaba por ser muito mais interessante, senão vejam:

- Calhou-me na “rifa” um médico que poderia figurar destacadamente em qualquer espectáculo de “Stand-up comedy”. Para além do sarcasmo contundente, ele insiste em usar termos fofinhos como: amputação ... braço em decomposição ... brucelose ... vamos tocar ferrinos ... cale a boca que você tem a mania que é engraçadinho ... você tá todo desgraçadinho ... caiu do céu? Agora aguente-se á bronca. Uma verdadeira pérola de simpatia que eu não troco por outro médico! Até porque ... eu chamo-o de carniceiro e talhante e ele ri-se e saca-me outro “bife”!

- As sessões de tortura são extremamente concorridas pelas enfermeiras (os) de serviço, sendo um dos momentos altos de diversão naquele simpático hospital público onde tenho tido um tratameto VIP. Por vezes sinto-me um ratinho de laboratório nas mãos de enfermeiras, que abusam de mim sem dó nem piedade. Tiram-me fotografias a zonas sensíveis (cotovelo) do meu corpo. No inicio ainda perguntavam se podiam tirar … mas agora é tudo á descarada! Estas fotos serão objecto dum estudo aprofundado sobre feridas para teses de mestrados das senhoras enfermeirinhas. No meio desta invasão de privacidade, tive a sorte de ter feito um acordo com uma enfermeira que arranja uns produtos da candonga (gel anti-bacteriano e compressas verdes ultra-especiais) que ainda não existem no mercado nacional. Tenho sido cobaia dela e sai-me caro em bombons (moeda de troca), mas os resultados são fantásticos. O sucesso das minhas feridas e cicatrizes tem sido crescente, ao ponto de ter 6 enfermeiras a admirarem a minha ferida e a borrifarem-se para mim, enquanto fico em sofrimento, para que elas admirem os resultados da obra de arte que ... já não deita coisas verdes e amarelas. Um pequeno feito para um homem... um estrondoso sucesso para a enfermagem moderna!

A vida atribulada dum aleijadinho não é nada fácil, mas as visitas regulares ao hospital são uma aventura radical! LOL


Isto é uma bela ferida após a remoção dos pontos. O facto de ter sangue associado (após a remoção de diversos bifes devido a necrose) é muito bom sinal! Por baixo daquelas compressas verdinhas estão uma serie de ferrinhos que atravessam o cotovelo e causam a chamada dor de cotovelo permanente! Já estou nestes preparos á 4 semanas e esperam-me mais 4 a 6 semanas do mesmo! "UI CA BOM QUE BAI SERE! " :-)

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