Já plantei uma árvore, e agora até já escrevi um livro! Só me falta mesmo ...
Sou apaixonado pelo Voo Livre em Parapente e pratico este maravilhoso desporto há cerca de 15 anos, tendo estado envolvido em praticamente todas as vertentes deste desporto. Orgulho-me de ter prestado o meu contributo para o desenvolvimento desta modalidade. Tudo o que fiz, foi por prazer e amor ao desporto. Dentre diversas funções que exerci ao longo dos anos: Organizei o calendário nacional de competições e prestei todo o apoio federativo (possível) aos organizadores de diversas competições durante vários anos; exerci funções de Juiz de Competição em diversas provas do campeonato nacional; Ajudei a organizar o primeiro curso de Juízes de Competição e Observadores F.A.I. da Federação Portuguesa de Voo Livre; Fui um dos representantes da Federação Portuguesa de Voo Livre numa reunião da Comissão Internacional de Voo Livre da Federação Aeronáutica Internacional em Lausane; Enquanto membro do Concelho de Arbitragens e Competição da Federação Portuguesa de Voo Livre, redigi e adaptei ( juntamente com os meus colegas) todos os Regulamentos de Competição actuais; Realizei o meu sonho de ensinar e transmitir os meus conhecimentos sobre o Voo Livre ao tornar-me Instrutor Nacional de Parapente, tendo ministrado instrução a várias dezenas de pilotos de Parapente; Ajudei a criar e a dinamizar a Associação do Voo Livre de Sinta a que pertenço actualmente e que tem levado a cabo diversos projectos interessantes e originais no voo livre a nível nacional; Para além disso, sou piloto de competição há cerca de 10 anos; sou um apaixonado e praticante de voos de distância livre; tenho viajado e representado Portugal em diversas competições internacionais; tenho percorrido muitos países do mundo, sempre em busca de voar mais e melhor...
Este desporto proporcionou-me a realização de muitos dos meus sonhos, mas também me trouxe algumas tristezas ao longo dos anos. Nos primórdios da modalidade, os aspectos de segurança eram relegados para segundo plano. Apenas a vontade de voar livremente nos impelia de saltar (literalmente) das montanhas, com equipamentos inadequados, rudimentares e perigosos. Alguns amigos perderam a vida nessa altura. Outros tal como eu, sobreviveram a acidentes graves. As imagens chocantes de acidentes e mortes por amor à liberdade de voar livremente como os pássaros ficam gravados na memória.
O Parapente evoluiu enormemente a nível de segurança, conhecimentos técnicos e utilização de equipamentos fiáveis testados. O voo livre deixou de ser um desporto praticado por autodidactas alucinados e é actualmente praticado pilotos conscientes e treinados, que passam por uma formação exigente de forma a poderem desfrutar do voo em total segurança. Em Portugal foram dados passos importantes, no sentido de tornar o Voo Livre um desporto cada vez mais seguro. Existem boas escolas, bons instrutores e bons praticantes. Devo muito daquilo em que me tornei a este desporto, que me ajudou a desenvolver capacidades que nunca julguei possíveis. O Parapente ajudou-me a encarar a vida de forma muito mais interessante. Tudo o que perdi com este desporto, foi-me restituído posteriormente como uma espécie de segunda oportunidade de viver a vida...
Falatava-me realizar um sonho que teimava em escapar-me. Esse sonho tem a ver com uma promessa antiga, feita numa altura em que tive a infelicidade de presenciar a partida de alguém que morreu à minha frente. Apesar da tentativa de salvamento, isso não esteve nunca ao meu alcançe... Era um jovem (como eu) que alimentava muitas ilusões, era ousado mas faltava-lhe a experiência e o conhecimento dos riscos. Voou definitivamente em direcção ao ... seu destino!
Desde essa altura, encarei como um das minhas missões (objectivos), fazer algo que pudesse ajudar a melhorar a segurança dos novos pilotos... A ideia de deixar algo escrito e palpável para as gerações futuras sempre me aliciou. Seria a minha tentativa ou contributo para melhorar o meu "pequeno mundinho". Trabalhei durante vários anos num manual técnico de voo livre. Encontrei demasiados entraves e muito poucas ajudas. Muitos foram os que se quiseram associar ao projecto, mas das intenções aos actos, poucos foram os que realmente fizeram alguma coisa. Muitas vezes me senti encurralado, solitário e sem qualquer tipo de apoio. A certa altura tinha a informação compilada, apenas me faltava encontrar o formato final e arranjar quem pudesse ilustrar o manual com imagens originais.
Numa simples conversa informal, tudo se compôs! O manual ficou terminado no final do ano passado, foi publicado online com imagens originais e contou com o apoio da Federação Portuguesa de Voo Livre. A direcção da Federação de Voo Livre concordou que este seria o primeiro passo para a existência do primeiro manual oficial de Voo Livre Nacional. Os dirigentes do Clube a que pertenço, negociaram a venda do manual à Federação Portuguesa de Voo Livre. Todo o dinheiro referente à venda reverteu a favor do Clube que se comprometeu em utilizá-lo em actividades relacionadas com a modalidade. Poderia ter recebido parte desse dinheiro, mas o simples facto de ter conseguido realizar o meu sonho e cumprido a minha promessa, trouxe-me tudo aquilo que eu pretendia. O dinheiro não serviria nunca para pagar algo que eu considero como uma missão pessoal e um dever cumprido!
Ao longo dos anos que levei a compilar este manual mudou tanta coisa, mudei eu, mudaram as pessoas, mudou a vida, mudaram as ambições, mudaram os projectos ... mudou tudo... O que não mudou, foi a minha insistência em terminar o manual, nem a vontade de conseguir encerrar mais um ciclo importante na minha vida.
Aqui está o Manual de Voo Livre Nacional Online, ainda em versão experimental...
http://www2.fpvl.pt/manuais/parapente/mpp_capa.html
1 Whariúthinqs?:
- At 9:35 da manhã Rafael (Espanha) said...
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Dende Espanha (de onde nao vem nem bom vento nem bom casamento) eu, como practicante de voo livre, instructor, organizador federativo e com umha longa experiencia de mais de 20 anos neste desporto nosso, olho com envexa dende há tempos o desenvolvemento do parapente em Portugal.
Para mim é claro que deve-se a pessoa como tu, Paulo, que nunca teram um agradecemento conforme os seus méritos e dedicaçao, mais como tu mesmo dis, nao é isso o que nos move, nao é?
Parabens ao parapente portugués pela sua evoluçao e por ter a sorte de ter pessoas como tu.
Bons voos e bons aterragems.
Rafael