Descobri recentemente a obra desta autora e tenho uma paixão por todos os textos que ela escreve. Não sei como encontrei os seus textos, mas identifiquei-me imediatamente com tudo o que ela escreve...
Descobri também a razão para essa identificação que não conseguia entender! Apenas quem percorre sozinho o Caminho de Santiago de Compostela pode entender certas coisas (digamos que místicas e mágicas), como é o meu caso e aprentemente o dela também. Ao que parece, depois de passar por essa experiência ela decidiu dedicar-se ainda mais ao ofício da escrita e ainda bem que o fez...
Aqui fica um belo texto referente ao dia das bruxas:
Aquele era o grande dia de meu experimento. Saí de casa apenas com um biquíni, uma saída de praia, um protector solar e uma garrafa de água. Eu estava firmemente disposta a aplicar a técnica de magia que eu havia lido num livro. Ela visava silenciar a mente e consistia em andar olhando para um ponto acima do horizonte sem nada focalizar, mantendo a visão aberta para tudo aquilo que estava ao meu redor sem dar atenção a nenhum elemento em particular. Eu havia decidido caminhar sem preestabelecer lugar fixo de chegada, permitindo assim que minha intuição aflorasse e me “avisasse” do momento certo para voltar. Caminhei por mais ou menos duas horas, sempre retomando a prática mencionada. Estava em uma altura da praia totalmente deserta e começando a ficar cansada quando minha visão captou um arroio da água do mar descendo na direção da qual eu vinha, trazendo consigo uma grande mariposa morta. “Algo” me disse que aquele era o sinal para retornar. Deimeia-volta e recomecei a caminhada em sentido inverso, com meus pés sendo ligeiramente lambidos pela maré montante, mantendo meu exercício. Pouco depois meu olhar novamente foi atraído por algo, desta vez um objeto que refletia a luz do sol e as ondas projetavam suavemente sobre meus pés. Agachei-me e descobri, para meu grande espanto, uma nota de cinqüenta reais trazida pelo mar e colada contra minha pele! Esta foi uma de minhas primeiras experiências com magia. Minha descoberta do universo mágico foi gradativa e transformou completamente minha vida e percepção do mundo. Aos vinte e um anos de idade, fazia sete anos que eu vivia na Alemanha. Naquela época eu concluí os exames em matemática, filosofia, alemão e inglês, daquilo que os alemães chamam de Abitur e corresponde vagamente ao nosso Vestibular. Depois disso e antes de ingressar em algum curso profissionalizante, alguns alunos decidiram fazer um ano sabático. Eu estava entre eles e creio ter sido a única a nunca regressar. Vivi em outros países e, nos anos a seguir, aprofundei meus conhecimentos em alguns idiomas e continuei a ler muito sobre filosofia e psicologia.Cinco anos depois, minha sede de conhecimento continuava intensa e a abordagem meramente racional e intelectual da realidade começou a me parecer limitada. Foi então que um novo arsenal de livros despertou minha atenção para uma fonte de saber intuitivo, intrínseca ao ser humano. Na escola alemã eu havia estudado sobre o taoísmo durante seis meses, mas apenas voltei a me entranhar em temas relativos à espiritualidade quando tive acesso a certos escritos, entre eles os do filósofo indiano Krishnamurti, do físico teórico e escritor austríaco Fritjof Capra e a uma trilogia escrita por um escritor e antropólogo nascido no Brasil e chamado Carlos Castañeda. Foi a partir deste momento que algo em mim pareceu se “abrir”. Passei a estudar diferentes métodos de leitura de cartas de tarô, fazer viagens, rituais e experimentos como aquele descrito no início deste texto. Percebi que a raça humana havia evoluído no que diz respeito à ciência e à tecnologia, mas que se tratava de umprocesso relativo e deficiente, pois tinha como efeito colateral a miséria material e emocional de grande parte da humanidade. Havíamos perdido o elemento essencial a uma evolução sadia e construtiva, o conhecimento espiritual. Indo além em meus estudos e minhas pesquisas, entendi que a espiritualidade transcende e antecede qualquer prática religiosa ou filosófica.A magia não pode vir de fora. Podemos nos interessar, ler, conversar, orar, recitar mantras, fazer rituais, comprar artigos esotéricos, praticar boas ações, elaborar feitiços, mas tudo isso ainda não é a essência do trabalho mágico nem daquele que se diz espiritual. Este começa quando nos abrimos para a nossa consciência ancestral, quando fazemos a experiência empírica de que somos mais do que apenas uma máquina biomecânica e um ferro-velho de ideologias e conceitos adquiridos social e culturalmente. Quanto mais nos abrimos, mais despertamos para o fato de que fazemos parte de uma dança universal, dinâmica e inteligente. Somos organismos interconectados dentro de um vasto e complexo organismo. Entender isso visceralmente é a única forma de conhecer a magia inerente ao mundo no qual habitamos. A palavra bruxaria, “segundo o uso corrente da língua portuguesa, designa as faculdades sobrenaturais de uma pessoa, que geralmente se utiliza de ritos mágicos.” O termo “magia” é extremamente profundo, mas ficou vulgarmente conhecido como sendo “o uso de forças, entidades ou energias não pertencentes ao plano físico para nele interferir” e aqueles ou aquelas que faziam isso eram chamados de “bruxos” e “bruxas”. Alguns deles procuravam adquirir poderes sobre o universo no qual viviam, mas muitos também apenas cultuavam diferentes versões de bruxaria tradicional, que tem suas raízes na pré-história, através das quais eles buscavam a comunhão com as forças da natureza. O nosso Dia das Bruxas originou-se nos anos 600 a.C. e 800 a.C., quando os povos que habitavam a Gália e as ilhas da Grã-Bretanha, conhecidos como celtas, festejavam o ano novo no final do verão. Nesta data, considerada sagrada por eles, “o véu entre o mundo material, o mundo dos mortos (ancestrais) e o mundo dos deuses (mundo divino) ficava mais tênue” Apenas na Idade Média relacionou-se esta data com as bruxas por causa das perseguições que líderes políticos e religiosos faziam a todos aqueles que supostamente praticavam magia. Estas geralmente culminavam com a pena capital de queimá-los vivos na fogueira. O número total de vítimas deste medonho holocausto foi de aproximadamente 50 mil, sendo setenta e cinco por cento delas mulheres. O Dia das Bruxas pode ser simplesmente uma festa na qual beneficiamos o comércio local ou pode também servir a uma reflexão mais profunda tanto sobre nossas vidas, quanto sobre o universo no qual vivemos e a sociedade da qual fazemos parte. Durante toda a história da humanidade muitos visionários e pensadores revolucionários representaram uma ameaça para a ordem social estabelecida no meio no qual viviam. Eles foram ridicularizados, perseguidos, aprisionados, torturados, queimados, e isso continua acontecendo em várias partes de nosso mundo. Durante muito tempo foi alimentada a errônea crença que o ser humano pode controlar a natureza, a vida, a si mesmo e aos outros e que manter este controle é sinônimo de harmonia. A história tem nos mostrado que não é bem assim. Há algo de que nos esquecemos e o nosso mundo insiste em nos afastar abarrotando-nos de toda espécie de lixo mental.Trata-se da magia. Pensemos nela. Procuremos por ela no vão entre os pensamentos, na eternidade do abraço apaixonado, quando despertamos para um novo dia, quando zarpamos a cada noite no barco dos sonhos. Conjuremos o fluxo vital, abramos as portas de nossa percepção e as asas de nossas almas, voemos rumo ao próximo momento como se ele fosse o continente desconhecido que em realidade é. Não aceitemos visões que nos limitam e nos fazem estagnar. Busquemos a vastidão de uma vida dinâmica que nos envolve, nos percorre, transborda de nós e transpira de tudo aquilo que existe e acontece. Mergulhemos na parte mais obscura de nosso ser e não descansemos até tocarmos nosso inato potencial mágico. Brotemos, floresçamos, joguemos nossas pétalas e nosso pólen aos ventos, fecundemos o mundo até que ele desabroche à nossa volta em multicolores encantos. Despertemos o amor palpitante e vibrante, a alegria esfuziante, a seriedade eficiente e hilariante que apenas os verdadeiros bruxos ebruxas conhecem. Lutemos pela nudez de nossas almas, dancemos em volta da fogueira de nossas dores, empunhemos a varinha de nossos sonhos. Ao acabar de ler este texto, façamos um ato mágico. Podemos repetir uma palavra-chave que nos surge à mente, acender uma vela ou um incenso, pensar naquilo que é sagrado, ficar em silêncio, ouvir os sons da vida, masturbar-nos e oferecer nosso gozo ao bem dos seres, dançar para a lua. O que quer que façamos, convidemos a magia para entrar em nossos corações. Em breve ela estará borbulhando em nós como o melhor Champagne ou uma inesquecível noite de amor.
Texto de Antonella Sigaud
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