Há uma sombra no fundo da memória humana...o medo do predador escondido, além das fronteiras dos nossos sentidos. Adormecida durante o dia, esta apreensão irracional pode visitar-nos na escuridão ou atormentar os nossos sonhos. Emerge qual fantasma da névoa pantanal de memórias ancestrais, relíquia indesejada de uma era onde existem suficientes perigos reais para além do trémulo círculo luminoso das fogueiras dos nossos antepassados.
Entre as diversas acções peculiares aos animais nenhuma prende tão profundamente a nossa atenção como a predação. Nós não só receamos os predadores como ficamos paralisados de terror com eles.
O interesse nesta actividade intensifica-se quando o homem é retirado do seu habitual e natural papel de predador e passa a ser a presa, especialmente se tal ocorre num meio ambiente que não é o nosso e se particularmente a acção envolver um predador marinho.
Os tubarões são criaturas feitos à medida para assumirem este papel de "maus-da-fita".
Mas num sentido tribal muito profundo, adoramos os nossos monstros...e desde que vi o primeiro tubarão debaixo de água no longinquo ano de 1977, quando mergulhava junto da Vila da Madalena (Ilha do Pico), apaixonei-me por estas formidáveis criaturas.
Considero que o medo é gerado pelo deconhecimento e como tal fui ao longo dos tempos tentando compreender e estudar "os tigres do mar".
Texto do meu amigo aventureiro: João Brum