Horizontes de voo (nunca esperados)

Creio em dimensões desconhecidas!

Como poderia tudo ser muito maior do que sempre sonhamos e do que podem imaginar os Homens?

Eu queria estar entre os Céus, queria que os Céus me mostrassem os caminhos dos ventos.

Tal como a inspiração do nosso instinto mais desbravador, desafiador, é descobrir um mundo muito diferente, muito maior.

É perceber que a verdade é muito mais do que qualquer raciocínio.

É como aterrar e ficar a olhar o Céu, lembrando a sensação que se acabara de ter, e, amá-la.

Voar, é desenvolver amor próprio, sentir-se próximo de Si mesmo. Como se todas as partes de Mim, de repente, se unissem a um só momento - intuição, acção, razão, emoção - canalizando para aquele mesmo objectivo: VOAR.

Minutos que na minha simples existência me unem ao Universo. A Vida sob o Meu domínio, imersa sobre o Mundo e regar sobre a civilização que conspira!

Tudo o que posso fazer por agora, é recordar, pois tenho os pés fincados neste chão, não mais meus pensamentos!

Sabes, ... é difícil descrever o vento... Eu não ousaria!

Como posso descrever momentos transparentes?....Transparência!...É isso!

VOAR é sentir-se transparente... é transparecer... é não pensar em mais nada... é puramente SENTIR!

Nem que Eu quisesse poderia pensar em qualquer outra coisa.

Os Sentidos estão todos sendo Sentidos. Pensamentos deixam de existir.

Depois disso, a minha simples existência não me é mais suficiente.

Após ter experimentado sensação tão Divina, sinto DEUS, sinto PAZ.

JOSÉ GINJA (...45 anos a Voar...)


Palestra na Associação de Pilotos Portugueses de Linha Aérea "in" Jornal "Por Dentro" em Março/98 por Comanadante José Ginja).

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