Perguntaram ao Dalai Lama . . .
"O que mais te surpreende na Humanidade?"
E ele respondeu:
"Os homens . . .
Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde.
E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma, que acabam por não viver nem o presente nem o futuro.
E vivem como se nunca fossem morrer ... e morrem como se nunca tivessem vivido.
Quando olhamos o nosso mundo de cima, não há fronteiras, não há diferenças entre raças. Tudo é apenas um pequeno grão de areia. Lá de cima, as manipulações por amor, dinheiro ou poder perdem todo a importância. Vista de cima, a terra cabe na palma da mão e as discussões viram poeira no espaço. Todos deviam procurar imaginar o mundo visto de cima, principalmente quando nos atolamos em dramas e ficamos presos na nossa própria areia movediça do ego. Ao olhar de cima, os desentendimentos entre amigos e amantes viram brigas de criança. O que não nos deixa dormir em paz, torna-se apenas uma vaga lembrança. Mas, nem toda a gente quer olhar de cima, como diria o Seal na canção”Crazy”: Num mundo cheio de gente, somente algumas pessoas querem voar, isso não é loucura? Sim, é uma loucura, pois mesmo embora não sejamos pássaros, podemos voar e tentar ver as coisas de cima, basta deixar as mágoas de lado e o “ego ofendido” para perceber que todos somos culpados e inocentes e não precisamos culpar um Judas para arrumarmos o nosso quintal. Basta voar um pouquinho além do nosso orgulho ferido e das nuvens, e olharpara baixo para ver como o que era gigante tornou-se formiga. Como formiguinhas, juntamos um gigante de tretas emocionais e transformamos as nossas vidas em enredo de novela só pelo prazer de perder, ganhar e tornar a perder e ganhar. Isto não é loucura? É fácil falar, dirão os “ realistas”, mas garanto que isso também é fácil de fazer, basta abrir a mão de sempre querer ganhar e perceber que não há vitória quando o outro perde, que não há sucesso enquanto o outro definha, que não há motivo para usar os outros como escada para escalar as nossas montanhas. Difícil é não desejar estar sempre certo; complicado é não querer ter sempre a última palavra sobre algo. Olhar o nosso mundo de cima, é perceber que a nossa consciência vai além dos limites do nosso corpo. A nossa consciência faz parte do corpo do outro e vai muito além do nosso quintal, expandindo-se para o lado, para o alto e para o infinito. Essa expansão da alma ocorre quando percebemos que os nossos olhos podem ver além do nosso ponto de vista, para vermos o mundo como um palco onde o actor pode, por vezes, parar de actuar e acreditar no drama, para ver as coisas como elas são realmente; afinal ele é maior que a personagem. Reduzindo o alcance do ego, a alma tem o tamanho do universo.
Texto de Frank Oliveira